12.3.07


CLICHÊS

1.

Não me apanham vivo
Partirei desta para melhor
Antes que seja tarde

2.

Escrevo estas mal-traçadas
Quantas vezes forem necessárias
Só Deus sabe onde ele se enfiou.

3.

Eu sou o que eu sou.
Não fico aqui nem mais um minuto
Onde Judas perdeu as botas.

4.

Sinto muitas saudades
Mas isso são águas passadas
Agora é bola pra frente.

5.

Façam suas apostas
Fiquei entre a cruz e a espada
Salve-se quem puder

6.

Tenho uma boa e uma má notícia
Já passa da hora de criança dormir
Chega de conversa fiada

7.

Agradeço em nome de todos
Minha vida é um livro aberto
Tanto faz quanto fez

8.

Sou todo ouvidos
As coisas vão de mal a pior
Guarde seus conselhos pra você mesmo

9.

Amanhã é um outro dia
A gente se vê por aí
Deus me livre e guarde

10

Agi movido pelo coração
Palavra de honra
Não sei onde eu estava com a cabeça

11

Dê tempo ao tempo
Ela desapareceu por encanto
E foram felizes para sempre

12.

Não quero ouvir mais nada
Foi bom pra você também?
Vai ver se estou lá na esquina.

13.

Comeu o pão que o diabo amassou
Enfrentou tudo de peito aberto
Ninguém é perfeito

14.

Joga na minha cara
Luz da minha vida
Isso não é da sua conta

15.

Não sei o que eu faria sem você
Pouco me importa
Vai lamber sabão.

16.

Não faz mal
Quem sabe da próxima vez
Tudo bem com você?

17.

Olha nos meus olhos
Não me diga
Tanto trabalho por nada

18.

Somos apenas bons amigos
Essa doeu
Somos uma família unida

19.

Falando com toda sinceridade
Só o tempo dirá
Eu estou sem trocado.

20.

Fomos pegos de surpresa
Fiz todo o possível
Muito obrigado pela preferência.

8.3.07


UMA POBREZA


Paredes barram
a aurora.
E cego, escrevo
cartas ao fogo

Caderno áspero
esse meu silêncio.

Varro as instâncias
do olhar precário
e assumo
claridades,
noturnas que sejam

Recomeço
na mais estrita pobreza
Nada em mãos:
só a nudez
dos gestos áridos,
palavras rápidas
isentas
de qualquer amor
numa ríspida canção.

Não tenho pérolas
mas as unhas
os dentes
frementes
um luar caído
dos ombros

Ofereço
o meu silêncio
como casa.
O sono
das asas.
O mar dos cabelos.
Os desertos
das mãos.

Minha vida
é um respirar
entrecortado
por palavras.
Um corpo
quedo
na cama.
Gestos, atos
e mais nada.

Um dia serei
algo mais:
pó inquieto
na orla
despojada
da noite.