Batatinha quando nasce
Também escrevo poesia, a sério. Mas antes que me perguntem porque não posto meus poemas aqui, respondo que este blogue está reservado apenas para as minhas abobrinhas (Eu ouvi esse ufa! aí atrás). Gosto de rir sozinho (primeiro sintoma de loucura) por isso posto tantas abobrinhas solitárias. Por causa delas, já levei um baita pito de um amigo que leva muito a sério esse papo de escrever e que me recomendava não ser frívolo. Ele está certo, claro, e daria o meu braço a torcer não fosse um porém. Esse meu amigo odeia Oscar Wilde. Um mundano, disse, que nunca levava nada a sério (Meu amigo detesta qualquer autor levemente cômico). Aí, meus caros, deu bode. Pois os autores que mais admiro são irônicos ao cubo, fazem rir às bandeiras despregadas ou então provocam uma careta de riso (: Machado, Nelson Rodrigues, Proust, Cervantes, Drummond, Wilde). A obra preferida pelo meu amigo é Hamlet (Ó Horatio). Mas Shakespeare, além do príncipe emissário da morte (brrrr) também criou Fastaff, a quem estimo deveras. Sei que estou muito, muito, muito aquém da unha do dedo mínimo do pé de Oscar Wilde. Sou a escória da Literatura Bruzundanga, tanto que jamais publicarei aqui (podem suspirar aliviados agora) senão frivolidades.
Anyways, quem escreve poesia deve sempre levar em conta a advertência do Alceste, personagem de Molière, em O Misantropo:
“Senhor, é uma questão sempre delicada,
E sobre o estro poético, gostamos que nos louvem,
Mas um dia, a alguém, cujo nome calarei,
Eu disse, vendo versos de sua lavra,
Que um cavalheiro deve ter sempre muito controle
Sobre as comichões que nos dá de escrever;
Que deve refrear os grandes arroubos
Que temos de sair trombeteando tais divertimentos;
E que, no calor de mostrar nossas obras,
Nos expomos a fazer maus papéis.”
Penso que tais palavras também sirvam para quem bloga. O que importa é postar bem, senão porque postar? Há uma diferença gritante entre Proust, que com o seu gênio, escrevia sobre o tédio, e um literato engenhoso que escrevendo só provoque tédio. Postar pode até ser uma necessidade de quem bloga, mas ninguém mais necessita ser torturado pela ruindade do que lê, a não ser os leitores masoquistas, que encontram satisfação nas páginas do Marquês de Sade, de Harry Potter ou deste blogue aqui.