17.12.05

O porte elegante não nos prende
como esse olhar perdido
partido
entre o negro e o branco
paralisante
quase de medusa.
O olho cego é que nos vê
Em sua perturbadora intuição do vazio
De todas as eras equívocas
passadas presentes futuras.
Magra aristocrata
Caolha e rainha.
De uma beleza seca
majestade semicega
perfeita em sua imperfeição
de esfinge egípcia.

Não apenas a obra, mas o suporte. Não somente uma representação de algo mas a sustentação da coisa toda, uma base, uma coluna, uma raiz, um umbigo: uma ligação com o mundo. Não apenas a escultura em si mesma, mas a extensão das coisas. Qual o alcance de uma obra de arte? Somos nós o seu prolongamento lógico? Onde ela finda, em nós ou em seus materiais? O seu lugar preciso onde fica? Que é a escultura? O que estabelece os seus limites? Como encaixá-la em nossa percepção? Há tantas questões que Brancusi deixa em branco quanto há pontos de interrogação caídos no vazio em nossa marcha...